sábado, 3 de outubro de 2009

Os meus sentimentos

Uma senhora deve ser sempre "chic, très chic".
Violeta não o é, não como gostariam os seus pais e a sua filha. Ela é gorda, usa cores berrantes, é leviana e alcoólica - ou muito perto disso.

O acidente que sucede no início do livro faz com que Violeta nos conte a sua vida, não linearmente, mas por meio de uma série de pensamentos encadeados de forma brilhante e explanados ao ponto de nos permitir a identificação com os mesmos em alguns momentos.

Conta-nos como era desprezada e como ela aprendeu a fazê-lo a si mesma; como a sua filha surgiu como um anjo para salvar os avós; e como a casa onde viveu desde a infância e que está prestes a vender a sufocava, tentando esmagá-la entre as paredes.

Uma escrita original, em que não existem pontos finais que possam pôr um fim à história que se pretende circular, num tempo algo indefinido. Genialmente confuso, destaca-se pelo facto de parecer um poema com 350 páginas. O facto de as pausas na leitura não surgirem com uma frequência e com uma naturalidade comuns, dá-nos a sensação de habitarmos a cabeça da protagonista e de, tal como ela, estarmos inebriados, confusos, um pouco paranóicos e obcecados, traumatizados pelo passado e pelo próprio presente.

Um desafio e, pessoalmente, uma experiência nova e muito interessante.

Patrícia

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